terça-feira, 16 de setembro de 2014

SOCIEDADE. [+18]


Sempre pendi mais para o lado dos vilões, dos caras desajustados, desesperados, desalinhados, com a barba por fazer há meses, os dentes tortos, as calças largas e sujas nas pontas. Nunca fui com a cara dos mocinhos, dos sempre perfumados, cabelos cortados nas laterais, óculos de grau, mochila da Adidas, tênis da Puma e blusa da Calvin Klein. Caras assim não te surpreendem, não enfiam a mão entre as suas pernas a menos que você tenha que gritar. Os desleixados são granadas, explodem antes mesmo de você pensar em querer ficar aos mil pedaços. Também gosto das cadelas, das putas, das bêbadas, que usam meia-calça rasgada até a metade da coxa. Que deixam a maquiagem borrar e não vão ao banheiro para retocá-las. Que enchem o rabo de cachaça e reclamam da vida sem parar. Batem forte na mesa para chamar o garçom. Não usam e muito menos sabem o que é Instagram. Gosto de gente que manda os outros irem se foder, se eles tiverem mesmo que ir foderem. Às vezes uma boa foda salva um dia de merda, não é mesmo? Gosto dessas que metem a mão na sua calça por debaixo da mesa, enquanto a família inteira discute sobre política e conservadorismo. O olho contorcendo de prazer, e você diz: obrigado, a comida está deliciosa. Goza ali mesmo, na mão dela. Sempre pendi mais para o lado das putas, do que das santas. São mais parecidas comigo, tão imprestáveis quanto eu. Não gosto de regras, de leis, de religião, de ter que fazer aquilo que a sociedade espera. Não gosto de ser moldado por alguém. Eu quero ser moldado pelas minhas falhas, pelas minhas farras, pelas minhas fodas, pela minha sabedoria excêntrica. Por mim, não pelos outros.

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