sábado, 9 de abril de 2016



É incrível como basta um click e a gente se vê caidinho por alguém. As coisas começam a acontecer, e você começa a imaginar a vida do lado daquela pessoa. Vocês começam a fazer planos futuros, e todas aquelas frases do Caio F. de Abreu sobre o amor começam a fazer sentido. Você acredita veemente que tudo anteriormente deu errado pra justamente abrir portas pra esse novo alguém. E esse alguém surge com todo o diálogo feito como se realmente fosse a última pessoa. Não haveria mais espera, e nem busca. Finalmente você encontrou aquela pessoa pra constituir uma vida do seu lado. Até que de uma hora pra outra as coisas mudam. Você lembra de uma música do Coldplay, tenta fazer as coisas retornarem ao começo, mas não dá. Você quer, o outro não. E aí? Você não pode obrigar ninguém a estar no mesmo barco que você. E se a pessoa resolveu te largar no meio do mar, sem boia, sem salva vidas, aprenda a nadar. Ou você veio pra essa vida só pra se afogar por alguém? Não é fácil. Memórias foram feitas. Músicas foram compartilhadas. Presentes foram entregues. Fotos eternizaram dias que você nunca vai esquecer. Ninguém vai saber te dizer o que fazer pra seguir em frente sem sentir dor. Você vai sentir dor de qualquer jeito, mesmo que por fora esteja dando uma gargalhada. "Você vai ficar bem, isso acontece com todo mundo." Você vai ouvir isso de dezenas de pessoas. A menos que guarde isso pra si. E se der, guarde. É um momento seu. Uma dor sua. Compartilhá-la não vai fazer ela cessar mais rápido. Infelizmente (ou felizmente), ela precisa ser sentida. Trabalhe, estude, puxe ferro na academia, leia livros, vá ao cinema, mas não se iluda achando que ignorá-la vai fazê-la sumir como poeira. Mas é verdade que dia a dia ela vai ficando menor. E é verdade também que vai ter dias em que ela vai surgir como dor descomunal. Você vai ter que aprender a conviver com ela, porque antes que você se dê conta ela já não te causará mais enjoo. E aceite o mais rápido que você puder: não era pra ser, porque se fosse, vocês estariam juntos até hoje.

Ah, você achou que as músicas eram só suas e dele, não é? Pois bem, toda vez que você ligar o rádio elas vão estar tocando. Prepare-se!

domingo, 31 de janeiro de 2016

Você demorou muito.

Foi automático: eu andei na sua direção com o coração na mão, te abracei, e puft: eu já não tinha mais nenhum controle sobre mim. Nem lembro da última que me senti assim por alguém. Nem lembro da última vez que meus olhos ficaram marejados, só de pensar em acordar no dia seguinte e não ver uma mensagem nova na tela do celular. Eu li em algum lugar que quando eu encontrasse a pessoa certa, a famosa "the one", ela conseguiria montar todo o quebra-cabeça que havia virado meu coração. Todo estraçalhado, fruto de amores errados. E agora eu me sinto novinho em folha. Que saudade que eu tinha de mim mesmo. Que saudade eu tinha de ser romântico. De chorar por coisas bobas. Eu que achei que nunca mais voltaria a ser aquele cara sensível das cartas com letra feia. Pensei que nunca mais teria vontade de planejar surpresas. De recortar coração vermelho em cartolina. Foi da noite pro dia. Foi como recuperar a memória depois de anos de amnésia. Sem saber onde eu estava. Para onde iria. E muito menos quem eu era. Quando você me abraça, eu sinto como se não tivesse mais ninguém em volta. E isso poderia muito bem ser em um show lotado num estádio de futebol. Sim, eu me sentiria da mesma maneira. Sinto uma vontade incontrolável de te beijar, e eu poderia muito bem passar um dia inteiro com a minha boca colada na sua. Um dia não, vários. Faz menos de dez horas que a gente se abraçou, e parece que eu não te vejo há semanas. O que é isso? O que é essa saudade que só cresce com o passar dos dias? Quanto mais te tenho, menos quero te ter longe de mim. É verdade, você demorou muito. Minha vida inteira. Mas só Deus sabe como meu coração hoje está feliz com a sua chegada. Não foi antes, e nem depois. Foi na hora certa.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

queria não lembrar de você.

como que a gente começa um texto que se trata de esquecimento, quando existem milhares espalhados por aí. minha dor é tão parecida com a da Júlia, a do Ricardo, a da dona da pastelaria da esquina que eu esqueci o nome, a secretária da empresa onde eu trabalho. somos vários tentando esquecer alguém. alguém que marcou, mas teve que dizer adeus. alguém que magoou a gente sem ver nem pra que. não, não esquecemos, isso é fato. aprendemos a conviver com a falta, essa é a única solução. esses dias eu estava chegando próximo ao bebedouro, quando ouvi a Ana comentar com a Jéssica, que teria repetido o mesmo erro de novo. que teria ligado pro Renato e dito um bocado de coisa que a gente acaba guardando por orgulho, ou porque sabe que não vai fazer diferença nenhuma pro outro ouvir aquilo da gente. mas ela disse. e mesmo sem ele ter recebido tudo positivamente, a Ana se sentiu melhor. pensei: tá aí uma coisa que eu não consigo fazer. se é ser trouxa, dar murro em ponta de faca, eu não sei. cada um lida com suas dores de forma diferente. quem sou eu pra dizer que ela deveria ter ficado quieta? hoje eu tô aqui, deitado na rede, olhando pro teto e pensando o que você estará fazendo agora. provavelmente voltando do trabalho. procurando um lugar pra comprar um lanche porque na sua casa não tem nada pronto e você está com muita fome. provavelmente estará acompanhado. ele vai te recomendar lugares novos pra você comer. e você vai fazer as mesmas perguntas que me fez. vai cantar alguma música no violão. quem sabe as coisas vão dar certo dessa vez. o problema não é o processo que dá errado, são os personagens. eu jurava, jurava mesmo, que eu era a peça que iria se encaixar no teu quebra-cabeça. mas não era. e quando é assim não adianta forçar. não adianta correr pra pegar uma tesoura e cortar um pedaço pra caber. ninguém deve mudar pra se encaixar em ninguém. e por mais que isso doa, e me faça chorar no carro ouvindo "You were mine just yesterday, now I have no idea who you are", eu também não vou mudar.

domingo, 9 de agosto de 2015

EU QUERIA ACREDITAR EM VOCÊ.

Eu queria acreditar em você, mas quem me garante que não é da boca pra fora? Ao que me parece daqui de onde eu escuto, suas palavras não significam nada. São apenas frases bonitas em conjunto com o único intuito de levar meu coração a falência, ou tirar minhas calças. Não deveria ser tão difícil se fosse verdade. Ou quem sabe a culpa é minha por ter me tornado cético demais. Não deve ser amor cara, vai ver é só uma má digestão. Esse frio na tua barriga é a pressão que baixou. Não confunda as coisas. Você deve estar carente demais, ou acabou de assistir aqueles filmes água com açúcar extremamente melosos, e decidiu que era agora ou nunca. Fui apenas o primeiro cara que apareceu às dez da noite na tua casa.Podia ser qualquer um. Queria que você tivesse a certeza que eu tenho. Queria poder apostar todas as minhas fichas em você. Mas há algo me impedindo de pular. Ainda é incerto demais. Ainda é. Eu não sei. Talvez eu devesse ir embora, está tarde. Me avisa se amanhã você ainda se sentir assim.

EU GOSTO DE VOCÊ.


Eu poderia te dizer o que eu sinto, mas aí não teria volta. As palavras iriam de encontro aos teus ouvidos, e sabe Deus como você reagiria. Se você iria correr até mim, ou fugir para pegar o táxi mais próximo. Há sempre um perigo em assumir que se gosta de alguém. Ainda mais quando você mal sabe onde está se metendo. Apesar do sentimento ser algo bonito, às vezes você está entrando em um lugar cheio de arame farpado. E eu não quero e nem posso mais sangrar assim. Faz tempo que consegui estancar minhas feridas, disfarçar a marca das cicatrizes. Foi com cuidado que eu esqueci o que achei que nunca precisaria esquecer. Foi com cautela que me levantei e me vi acreditando de novo no amor. E aí que eu falei pra mim mesmo que não iria mais arrear meus pneus por ninguém, até que você me apareceu e me levou ao chão com um golpe só. Fui nocauteado pelo teu sorriso largo. O teu abraço passou a ser necessidade diária. E quando eu entrava no chuveiro e fechava os olhos, eu só conseguia pensar em você, que acabara de sair do meu quarto há menos de uma hora. A gente sabe que gosta de alguém quando sente medo. Quando sente medo de dar o próximo passo. Quando sente medo de dizer alguma coisa e parecer carente demais. Sozinho demais. Tolo demais. Eu vim maneirando no meu jeito de dizer as coisas, mas a verdade é uma só: EU GOSTO DE VOCÊ.

sábado, 4 de julho de 2015

é quando a noite cai.

é quando cai a noite que eu lembro. que teu rosto surge. que tuas mãos que nunca tocaram as minhas apertam meu peito. sinto o gosto da tua saliva na minha boca. desafogo as palavras que nunca foram ditas. e pensar que você nem me conhecia, embora soubesse que eu existia. carne. osso. cicatrizes. traumas. conflitos. tudo exposto. tudo colocado na mesa. escancarado. mas você não se assusta. você não me põe pra fora. sorri. aceita. aperta minha mão ainda mais forte. se aproxima. abraço vira abrigo. e teu colo é o lugar mais aconchegante da casa. teus livros nas estantes. o último jogado em cima da cama. os filmes que você coleciona. romance. terror. comédia. drama. as tuas manias pintadas na parede do quarto. o tapete estampado. o copo com um restinho de café. tarde demais. eu já te tenho correndo nas minhas veias. tatuado dos pés a cabeça. impregnado no meu olfato. é quando a noite cai que eu lembro que eu e você não somos "nós". e talvez nunca seremos. que você sempre vai saber que eu existo. mas que nunca irá além disso. você vai me ver por aí e largar um sorriso na minha direção. sem sequer desconfiar que esse texto foi feito pra ti.

domingo, 19 de abril de 2015

Eu queria alguém.

Eu queria alguém pra ir ao supermercado comigo. Eu queria alguém pra implicar, pra fazer cara feia quando colocasse no carrinho algum item que eu detestasse. Eu queria alguém pra ver filme junto. Eu queria alguém pra dar as mãos, mesmo que não seja em público. Eu queria alguém pra conversar sobre tudo. Meu dia, meu trabalho, assuntos importantes, temas fúteis. Alguém pra estar em silêncio, sem que parecesse um momento estranho. Alguém que me apoiasse nas minhas decisões. Alguém que discordasse de mim. Alguém que tivesse prazer em ficar lá deitado comigo passando a mão no meu cabelo. Não precisa necessariamente lembrar de datas. Apesar de que eu sempre sei o dia de aniversário de namoro, o primeiro dia que a gente se viu, entre outras datas, eu não costumo cobrar isso do outro. Eu queria alguém pra apresentar pros meus pais. Pra levar nos almoços de família. Pra tomar banho de piscina. Queria ter alguém para quem cozinhar. Nunca cozinhei pra ninguém, mas eu sei. Eu queria alguém com quem eu pudesse me preocupar. Alguém pra cuidar. Alguém que me chamasse sempre que precisasse. Queria ser o telefone de alguém para emergências. Queria que alguém também fosse o meu. Queria ser o cara da vida de alguém. E que alguém fosse o cara da minha vida. Oi, amor. Está tudo bem? Se cuida! Qualquer coisa estou aqui. Conta comigo! Vi uma coisa que é a sua cara. Amor, escuta essa música, acho que vai gostar. Queria conhecer as músicas favoritas de alguém. A cor que mais agrada. A comida que mais detesta. O doce que mais ama. O salgado que o faz desistir da dieta. As manias. Os medos. Os sonhos. Os traumas. Queria alguém que sentisse ciúme de mim, desde que não seja doentio. Queria alguém pra chamar de amor. Alguém que sentasse do outro lado da gangorra comigo e que quisesse ficar em equilíbrio, até que um dos dois cansasse.