sábado, 13 de setembro de 2014

RECIPROCIDADE.

[para ler ouvindo: milk & honey - arcade fire]



Como é a sensação de ter a pessoa mais importante do mundo entre os braços? Maravilhosa, eu diria. E a sensação da reciprocidade? De dar todo aquele amor e recebê-lo de volta? Sinceramente, eu não sei. Eu achava até ontem que já havia amado alguém, mas hoje não tenho tanta certeza. As pessoas escaparam de uma forma tão fácil, que eu duvido que se fosse amor mesmo eu teria deixado elas irem embora com tanta facilidade. Talvez eu já tenha sido o mundo para alguém, ou quem sabe um projeto de mundo. Dizer "Você é a pessoa que eu mais amo" é tão fácil quando ir lá e deixar um copo sujo na pia da cozinha. Usar as palavras, manobrar os verbos, sempre vai ser simples. Difícil é fazer isso através de um toque, de um beijo, de um abraço ou até mesmo um olhar. Eu queria imaginar minha vida sem alguém e não conseguir. Eu queria que alguém imaginasse a vida sem mim e não enxergasse futuro nenhum. Queria ser para alguém o mesmo que esse alguém é aqui dentro de mim. Queria sentir, pelo menos uma vez na vida, isso que as pessoas chamam de reciprocidade. Esse amor que você joga e volta feito bumerangue. Não com a mesma força que vai, é claro, mas na mesma sintonia. Cada um ama de um jeito diferente. Não quero alguém que me ame da mesma forma que eu amo, mas que esteja junto comigo, no mesmo lugar. Alguém que um dia não vá achar a estrada da direita mais interessante. Ou que a estrada da esquerda é mais liberal. Alguém que encontre em mim a gota de água que faltava para transbordar. Que me veja como um sinal de adição. Que acate os meus defeitos mais insuportáveis. Alguém que saiba equilibrar o relacionamento. Que não me sufoque, mas que não me deixe exageradamente livre. Que não seja ciumento, mas que me pergunte "quem era?" depois que eu desligar o telefone. Talvez o preço dessas exigências seja a solidão. Talvez a culpa seja dos filmes. Eu sei, a vida não é um romance hollywoodiano, mas reciprocidade não é ficção. Não é algo que só exista em roteiro de filme romântico. Deveria ser mais simples. Se fosse simples, não seria tão incrível, mas também não seria doloroso.

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