quinta-feira, 11 de abril de 2013

DESASTRE.

Você não acorda bem. Não toma um café da manhã reforçado. Engole duas ou três torradas na marra. O corpo não obedece os comandos e você acaba voltando a dormir. Alguém bate desesperadamente na porta: você vai se atrasar para o trabalho. O trabalho... o trabalho surge como algo extremamente irritante, estúpido, desgasgante. O cansaço te engasga com um nó. Você suplica por uma batida leve nas costas, mas não há ninguém por perto. Duas horas depois, coloca um copo com dois dedos de café na mesa do chefe. Ao se levantar, bate no copo com o dorso da mão, espalhando aquele líquido preto por todo o chão recém limpo. Cria-se uma poça enorme e uma metáfora da vida: basta um passo em falso.

3 comentários:

  1. Elegia 1938, Carlos Drummond de Andrade.

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  2. Que profundo. Canto me gustaría conseguir tanta expresividade en tan poucas liñas. Conseguiches xerar unha gran empatía. Coma nunha película que discorre coma imaxes confusas, sentinme na pel desa vida anónima, que podería ser a de calquera, derramando o café coa miña propia man, E sentín a mesma desazón, o mesmo cansanzao da existencia e a mesma sensación de fatalidade.

    Un saúdo.

    Por certo, bonito o novo aspecto do blog =)

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